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Pandemia vai gerar novas empresas e inovação, dizem unicórnios

Para André Boaventura, do Ebanx, e Ariel Herszenhorn, da Loggi, momento é propício para buscar novas soluções e resolver gargalos do país

“Tenho certeza de que, daqui a um ou dois anos, vamos ver muitas grandes empresas que nasceram nesse momento de pandemia.” A frase foi dita por André Boaventura, CMO e sócio da Ebanx, durante a terceira live da série “Aprendendo com os unicórnios” - que contou também com a presença de Ariel Herszenhorn, vice-presidente de expansão da Loggi.

A série de transmissões ao vivo, organizada por Pequenas Empresas & Grandes Negócios, traz como convidados fundadores e líderes de startups que atingiram a avaliação de mercado de pelo menos US$ 1 bilhão. Durante todo o mês de julho, eles irão falar sobre o impacto da pandemia no ecossistema de startups e as oportunidades geradas pela crise.

Confira a seguir os principais trechos da conversa de ontem (8/07) entre André Boaventura, da fintech Ebanx, especializada em pagamentos cross-border, e Ariel Herszenhorn, da Loggi, startup de logística tem faz cerca de 100 mil entregas diárias em todo o Brasil.

Impacto da pandemia
André Boaventura
“O core do Ebanx são os pagamentos internacionais pra empresas globais, como Spotify e AliExpress, por exemplo. Temos mais de 1.000 clientes globais espalhados pelo mundo. Por isso, sentimos o impacto da pandemia antes mesmo de ela chegar ao Brasil, em março.
Quando a crise explodiu no Brasil, ficamos vigiando os números."

"Março foi um mês onde todo mundo parou de comprar, então cuidamos de proteger nossos clientes, informar o que estava acontecendo. Ao mesmo tempo, criamos o Beep, uma ferramenta para varejistas que precisavam migrar para o digital. Em abril, as coisas se acalmaram; em maio, começou a recuperação e, em junho, já tínhamos um degrau um pouco melhor. Não podemos prever julho, porque é difícil saber para onde vai a pandemia no Brasil.”

Ariel Herszenhorn
“Somos uma prestadora de serviços, então sentimos impactos diferentes, de acordo com o setor. O serviço de entrega de documentos foi extremamente afetado. Do outro lado, no e-comerce, houve uma dinâmica de crescimento. Como nós temos uma operação física bastante relevante, houve um desafio adicional: como manter a eficiência diante de uma realidade de distanciamento social."

"Em alguns lugares, era muito difícil manter o serviço funcionando, e ao mesmo tempo era fundamental continuar operando, para garantir que as pessoas seguissem o princípio de ficar em casa. Foi um grande aprendizado. Abrimos mão de alguns serviços, que não eram aderentes, e readequamos nossa proposta de valor, para atender nesse novo ambiente.”

Oportunidades na crise
André Boaventura
“Historicamente, as crises são os momentos mais propícios ao empreendedorismo. Existe um caso clássico: quando a Nokia fechou, muitos dos ex-funcionários saíram para empreender, criando startups inovadoras. Então esse é o momento de tentar coisas novas, abrir negócios inovadores, arriscar. Tenho certeza de que, daqui a um ou dois anos, vamos ver muitas grandes empresas que nasceram nesse momento de crise.”

Ariel Herszenhorn
“A crise é sempre um baque, mas ao mesmo tempo ajuda o empreendedor a entender que ele terá que lidar com diferentes realidades, durante toda a sua jornada. Serão momentos em que ele terá que reavaliar a estrutura da empresa, fazer uma autocrítica. Então aprender a viver numa crise pode ser muito importante para criar uma cultura de enfrentamento e de resiliência.”

Como fica o cenário das startups
André Boaventura
“O que a gente tem visto entre os fundos de investimentos é que a prioridade tem sido proteção do portfólio. Olhar para as empresas investidas e entender suas necessidades, se vão precisar de aportes, de mentoria, de orientação."

"Acredito que, até 2019, o mercado estava superaquecido, o que era ótimo, um reflexo de muitos anos de crescimento no mercado. Mas ao mesmo tempo isso estava inflacionando um pouquinho o valuation de muitas startups brasileiras."

"Agora deve haver uma adequação dessas valuations. Mas acredito que, de maneira geral, o investimento vai continuar crescendo. Já atingimos uma estabilidade, então a tendência é que o mercado de venture capital voltar a aquecer.”

Ariel Herszenhorn
“Acredito, sim, que os investimentos voltarão e novas empresas vão surgir, porque o Brasil demanda isso. Não temos serviços adequados para nossa população e existem gaps enormes de atendimento. Por isso, o potencial para criar produtos e serviços disruptivos é muito grande. Os setores que enxergarem essas oportunidades poderão se beneficiar disso.”